24.6.11

Sempre que a minha irritação atingia o rubro, tu desatavas-te a rir e a pedir para ficar calma, e o riso suavizava-me. Nada do que eu fizesse ou disesse poderia afastar-te de mim; era essa a tua força, uma força que me instigava os limites. Acreditei que na amizade encontraria o sabor mítico da correspondência absoluta, a felicidade sincrónica com que o amor apenas brinca. Mas também a amizade se mostrou vunerável ao tédio e à decepção. Afastei-me de ti, que muitas vezes revelaste a radiação da felicidade em mim, porque nenhum de nós podia abraçar a luz vertical desse céu oferecido. Encontramo-nos demasiado cedo numa civilização decrscente de encontros definitivos. Entendemo-nos inteiramente. Estranhamos esse entendimento desde o início, esse entendimento tão intímo semelhante a um crime sem culpa.